Do medo do tempo

terça-feira, 30 de junho de 2015

 Nunca tive medo de nada. Não tenho medo de qualquer tipo de animal, nem de andar sozinha na rua à noite ou sequer medo de morrer. A única coisa de que eu tenho realmente medo, é do tempo.
 Dizem que o tempo cura tudo. Mas então para que cure, é preciso de ele exista. E o meu medo é essencialmente que ele não exista em quantidade suficiente.
 O tempo não é tangível. Apesar de as pessoas fingirem que é, recorrendo a calendários e relógios para planear as suas vidas e fingirem que o tempo é seu aliado, o tempo não se mede. Nunca se sabe se realmente as duas horas que temos para acabar um trabalho vão ser duas horas. Ou se o tempo nos trai e afinal é mais curto do que precisamos.
 E quanto menor o espaço temporal, pior. Não sou adepta de frases feitas, mas sempre gostei de uma que diz algo como "os anos não custam a passar, o que custa são os momentos". Os momentos são o que realmente estraga tudo. Conseguem imaginar como seria tão agradável o passar dos anos sem serem aqueles momentos que estragam tudo? O momento em que temos um acidente de viação que nos torna paralíticos para sempre. O momento em que temos uma branca no meio do teste e nos vai chumbar à cadeira. O momento em que dizemos o que não devemos ao nosso patrão e somos despedidos. O momento em que não dizemos o que devíamos dizer, e afinal era a nossa última oportunidade para nos despedir-mos dela...
 São meras fracções de segundo. Meros tic-tacs de um relógio. Que mudam tudo. E o tempo simplesmente não pára. Continua sempre a alta velocidade, ignorando tudo o que acabou de nos acontecer. Não interessa se nos vamos arrepender para o resto da vida. Não interessa se vamos melhorar. O tempo não perdoa.
 Não perdoa.

0 micoses:

Enviar um comentário

Copyright © 2010 Comichão Psicológica | Free Blogger Templates by Splashy Templates | Layout by Atomic Website Templates